DESCONFIANÇA: QUEM PERDE?

(Leitura estimada em 2 minutos)

Chico Xavier nos ensinou algo sobre os animais. Em algum momento de sua vida, ele disse: “o que gosto dos animais é que eles não usam palavras, eles usam sentimentos”.

Se você tem um animal de estimação, você possivelmente se identifica com esta fala, principalmente se você tem um cachorro.

Recentemente, tivemos a experiência de conviver com um cachorro resgatado das ruas, com vários sintomas de ansiedade e com um nível de desconfiança extremo. Esse cachorrinho se chama Otis.

Em nosso primeiro dia de convivência, ele não nos permitiu nem chegar perto dele. Sua dona presume que ele foi muito maltratado no início de sua vida, muito provavelmente por uma mulher. Portanto, essa desconfiança ao ser humano não nos permitiu chegar perto, muito menos fazer carinho. Inclusive, ele dormiu de um lado da casa e nós do outro lado nesse primeiro dia.

Tivemos que praticar a nossa paciência e respeitar o seu espaço. Cachorros não conversam; não dialogam. Portanto, tivemos que dar o seu espaço a partir dos nossos sentimentos: demonstrar respeito através de nossas atitudes. 

Se é natural e genuíno, tudo torna-se uma questão de tempo. E assim foi a quebra de gelo com o Otis. Ele dormiu na sala no primeiro dia; no segundo dia, ele já veio ver a cama mas saiu e dormiu no corredor e; no terceiro dia, ele dormiu conosco na cama. A partir daí, não se separou mais.

É bonito enxergar progresso na confiança ainda que estejamos nos referindo à relação de um animal com um ser humano. Mas, cá entre nós, o processo não é muito diferente para dois seres humanos, não é?

E isso nos fez pensar nos tempos de hoje. Numa vida em que a desconfiança é bastante presente nas relações. Nosso medo de ser passado pra trás – de ser enganado – nos faz desconfiar e manter nossa distância, assim como fez o Otis nos primeiros dias. 

Essa viagem por tantos países treinou demais a nossa confiança nas pessoas. Sabe por quê? Simplesmente porque não há outra forma. Você não conhece nada e nem ninguém; só lhe resta confiar. Você não tem outra referência que não o seu próprio instinto. Ele é seu único termômetro. 

No fim das contas, a desconfiança nos faz deixar de viver algo. 

A desconfiança lhe faz pisar no freio. A desconfiança lhe obriga a estar em alerta constantemente. A desconfiança lhe faz ter cautela em suas atitudes. 

E a pergunta que fica é: quem perde com isso? Pra você, há alguma perda?

Nós preferimos pensar que sim – que há uma perda e ela é toda do desconfiado.

Em uma de suas falas sobre liderança e confiança, o empresário Flavio Augusto termina um de seus discursos dizendo: “prefiro morrer traído a viver desconfiado”.

E, nestes quase dois anos de estrada, nós nos permitimos não desconfiar e, adivinha? Vimos o melhor do ser humano.

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