O QUE É TER TUDO NA VIDA?

(Leitura estimada em 7 minutos)

Conhece algo chamado MINIMALISMO? Nós resolvemos entender melhor este estilo de vida e gostaríamos de saber se ele realmente contribui para uma vida mais feliz. Estamos colocando à prova, na prática mesmo. Pra valer!

Kelly Miller, professora da Deakin University menciona que o minimalismo tem a ver com o engajamento mais consciente de tudo que temos, com o mundo ao nosso redor.

O principio básico tem a ver com o consumo mais consciente. EM CONSUMIR MAIS O QUE VOCÊ PRECISA E MENOS O QUE VOCÊ DESEJA. O escritório de arquitetura Life Edited desenvolve seus projetos a partir de uma conclusão importante: as pessoas usam apenas 40% do espaço de seus lares. Curioso, não? Então nos perguntamos: pra que sempre buscamos algo maior, então?

(Nosso quarto de 2 metros quadrados. Assim dormimos!)

Nós fizemos uma rápida reflexão sobre a vida que estávamos levando também. Nos demos conta de que estávamos vivendo em uma espécie de ciclo e não enxergávamos um prazer genuíno e constante nas coisas que fazíamos. Poucas surpresas, muita rotina. Nossa vida se tornou nosso trabalho e nosso trabalho se tornou nossa rotina.

Pesquisas já mostram que o trabalho ocupa uma parte grande da sua vida. A Organização Mundial da Saúde afirma que passamos pelo menos 1/3 da nossa vida adulta no trabalho, ou seja, 30% da nossa vida adulta será no trabalho. Sem contar o tempo gasto para ir, voltar, se alimentar enquanto está por lá, horas extras…

Isto fez sentido pra nós. Nossas vidas adultas acabaram girando em torno do nosso trabalho. Acabamos colocando nossos dias no modo automático, pois nossa energia é focada no trabalho e acaba restando pouco para tudo que for diferente disto. Nossa energia envolve planejar, realizar reuniões, conversar com as pessoas; enfim, produzir.

(Nossa vida em São Paulo)

O autor do livro 10% Happier, Dan Harris, comenta que atualmente, grande parte de nossa vida é vivida sob uma neblina de comportamento automático e habitual. Gastamos muito tempo na “caçada” – na caçada da vida. Na caçada por mais… por atender as expectativas da moda, de mantermos nosso “status social”, de concluirmos os estudos, de termos sempre os produtos da última geração;  a caçada é sempre por mais. 

Estamos extremamente focados no resultado final, no fim da jornada, no produto final; e não no processo, na jornada em si, no dia a dia… Portanto, esta caçada nunca nos satisfaz. Não nos damos conta, mas esta caçada se torna um ciclo vicioso, que, por fim, acaba nos tornando infelizes, pouco a pouco.

Neste contexto explicado por Dan Harris, nosso alívio acaba sendo o consumo. A nossa distração torna-se sair para consumir. Gail Steketee, PHD e especialista em acumulação e comportamento humano, comenta no filme MINIMALISMO que durante nossa infância, nosso forte apego é às pessoas; àquelas que estão cuidado de nós. E, ao longo do tempo, este apego é transferido a objetos. Crescemos nutrindo o apego por objetos e, na vida adulta, os objetos acabam competindo com as relações com as pessoas. Objetos tornam-se tão importantes ou mais importantes que as pessoas.

Ao decidir mudar de vida, nós colocamos praticamente tudo que tínhamos à venda. Nosso património se resumiu ao nosso carro e ao nosso dinheiro em banco. Nós nos desfizemos de pelo menos 90% de nossos pertences. Por incrível que pareça, desfazer-se das coisas não foi um processo difícil nem doloroso. Nos desfizemos de eletrônicos, roupas, eletrodomésticos, etc. Para a expedição com o Chopp, tudo que precisamos cabe na carroceria de nosso carro.

(Nossa casa completa. Quarto, cozinha e varanda)

Em muitos momentos das vendas, nos perguntamos: porque temos isso? Porque temos dois destes? Pra que eu comprei isso? Tínhamos muitas coisas que nunca nem usamos.

Ao final, um apartamento de 68 metros quadrados tornou-se uma carroceria de 2 metros quadrados. Toda nossa roupa cabe em uma mala de 40 litros. Fomos forçados a olhar para os objetos de outra forma: os objetos precisam sempre ter um papel imediato durante a viagem. Ou seja, os objetos precisam ser úteis e funcionais de imediato. 

Se compramos algo, é porque realmente precisamos daquilo para alguma utilidade específica e imediata. Não compramos algo que não temos certeza que vamos usar, nem para usar no futuro, nem para usar apenas 1 ou 2 vezes.

Esta forma de viver tornou a vida mais simples. Sabemos onde está exatamente tudo e usamos tudo que temos. Não temos a pretensão de nos considerarmos minimalistas (ainda, pelo menos!), mas já estamos seguros de que nosso estilo de vida e nossa percepção das coisas mudou.

Contraímos o virus da COVID-19 em Julho e, apesar de termos nos recuperado bem, nós vimos muita gente falecer desta doença ainda cheia de mistérios. Uma pergunta nos acompanhou depois da nossa recuperação: e se nós tivéssemos falecido da COVID-19? De que serviria tanta coisa acumulada durante a vida? Nós teríamos usufruído de tudo que acumulamos?

Nosso ímpeto é de acumular primeiro, para depois curtir e se satisfazer, né? A COVID-19 veio como um grande sinal pra nós e como uma forma de nos fazer viver mais o presente. Mais uma vez, nos espelhamos na vida de nosso cão, Chopp. Como? Te explicamos.

Chopp é inteiramente apegado às pessoas e nada apegado a objetos. Imagino que seus cachorros sejam parecidos. Os pouquíssimos objetos que o Chopp possui e faz questão de ter são funcionais, ou seja, possuem uma função, seja pra se alimentar, dormir, brincar, etc.

A foto mostra o Chopp com 03 meses de vida, rodeado de brinquedos. Mais abaixo, o Chopp com 04 anos. Notam a diferença? 

No processo de crescimento do Chopp, inevitavelmente, compramos um montão de brinquedos para ele, que foram usados pouquíssimas vezes e os poucos que restaram só são usados conosco. Ou seja, para o Chopp, estes objetos só se tornam úteis e divertidos se nós fizermos parte da brincadeira.

(Chopp, com 04 anos de idade. Brinquedos favoritos: Seu Bob Esponja e pedras! Isso mesmo, pedras!)

Os objetos são o meio e não o fim. E o mais curioso? Se deixamos de brincar com algum objeto dele, ele também deixa de lado o objeto. Realmente só faz sentido se a brincadeira ou lazer for junto. Curioso, né? Como um cachorro nos ensina a enxergar questões da nossa vida.

“O aspecto do bem estar humano em conseguir focar mais na experiência em vez de focar naquilo que acumulamos é um aspecto crucial do minimalismo

Kelly Miller, School of Life and Environmental Sciences, Deakin University

Começamos esta jornada com poucas bagagens materiais e esperamos preencher nossa bagagem com experiências e entender realmente o que nos traz satisfação, sem contar com objetos para isso.

Seguimos a jornada!

Uma resposta para “O QUE É TER TUDO NA VIDA?”

  1. Texto incrível e totalmente aderente ao momento em si. Cabe ai um nível de consciência de cada um para compreender que a jornada é mais importante que se chegar ao destino.
    Nós somos. E não nós temos. Aproveitem a jornada!!!

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